O Senai e a Energisa anunciaram uma parceria destinada a atrair projetos de empresas para o desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio renovável a partir da eletrólise e do biogás. A proposta foi lançada nesta segunda feira, 22 de maio, e prevê investimento em torno de R$ 24 milhões, que serão divididos entre as proponentes.
A chamada Missão Industrial Energisa será coordenada pelo Instituto Senai de Inovação em Biomassa, de Mato Grosso do Sul. O objetivo é formar alianças com o setor produtivo em torno de projetos voltadas para todas as etapas da cadeia do hidrogênio verde. As propostas serão recebidas até 30 de junho, e o resultado da seleção vai ser divulgado em 31 de agosto.
O desafio é desenvolver um projeto piloto para validação do modelo de negócios da cadeia produtiva, da produção ao consumo final de hidrogênio renovável, disse o gerente de Inovação do Grupo Energisa, Alexandre de Castro. Para isso, será obrigatória a participação do grupo, dos institutos Senai e de pelo menos uma empresa do segmento de biomassa ou biogás, ou de um consumidor de hidrogênio. É desejável, no entanto, o envolvimento de empresas globais e de institutos de pesquisa.
O estudo tem cinco eixos, que são: tecnologia e aspectos econômicos da produção de hidrogênio verde; suprimento de insumos para produção; logística de distribuição; certificação e sustentabilidade ambiental do H2 produzido e modelos de negócio e atratividade econômico financeira. Um das exigências da chamada é que a distância entre a produção e o consumo fique entre 10 e 20 km, e as plantas terão de entrar em operação em ate 24 meses após a assinatura do contrato.
O diretor de Inovação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria e do Senai Nacional, Jefferson Gomes, pediu durante o lançamento que as indústrias olhem com carinho a chamada da Energisa que, segundo ele, traz muitas oportunidades de negócio. Segundo Gomes, a nova chamada de missão industrial com a Energisa é mais uma oportunidade para desenvolver soluções de descarbonização da economia.
O diretor de Estratégia e Inovação do Grupo Energisa, Lucas Pinz, destacou que a empresa quer ser protagonista da transição energética, levando soluções aos clientes. “Nós estamos aqui hoje buscando parceiros – empresas, pessoas, profissionais que possam embarcar nesta jornada, que é bastante inovadora”, disse o executivo, lembrando que o Brasil vai ser importante na produção de hidrogênio renovavel.
A rota que a empresa escolheu é a biomassa, porque entende que esse é um caminho promissor para levar a produção de hidrogênio ao interior, explicou Pinz. E o biogás, por sua vez, é estratégico na pauta da empresa, que recentemente entrou no segmento de distribuição de gás.
A oficial de Assuntos Econômicos da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Camila Gramkow, lembrou que propostas de recuperação verde surgiram no mundo como uma lição da grande recessão de 2008/2009. A crise que afetou a economia mundial na época resultou em uma mudança de paradigma, colocando a politica climática e a politica industrial verde pela primeira vez como indutores do crescimento. Tanto economias avançadas quando as de países em desenvolvimento estão adotando estratégias, e hoje o total de estímulos ficais verdes está na casa de US$1,8 trilhão.